sábado, 13 de setembro de 2008

Agora mostrem o que valem!

Dezasseis anos depois das primeiras eleições os angolanos voltaram às mesas de voto para eleger um novo governo.
Muito se tem escrito e se vai escrever sobre este acto eleitoral. Falou-se de desorganização e fraude, mas no final o maior partido da oposição (Unita) veio reconheçer a vitória do MPLA e até a UE considerou as eleições justas, não deixando de fazer alguns reparos à desorganização a que se assistiu em alguns locais de votação na capital.
O que se pode exigir de um país que organiza o seu segundo acto eleitoral em 35 anos de independência? Não se deve perdoar alguns erros ou a desorganização? Quantas cidades no mundo organizam eleições para três milhões de eleitores? Na generalidade, pelo que se sabe, a votação correu bem e o resultado estrondoso do MPLA só espanta os menos atentos, pois era uma vitória anunciada.
A conjuntura económica e o arranque da economia angolana só podiam dar este resultado, pelo que vi na televisão (mesmo sem a presença da SIC) e ouvi na rádio a oposição não terá feito o trabalho de casa, os comícios foram muito fracos e nos debates o MPLA arrasou a concorrência levando os seus melhores quadros. O que o povo está a beneficiar com estas mudanças? Até agora muito pouco, mas o governo está a fazer obra – basta ir a Luanda ou a algumas provincias para ver a construção de novas vias, viadutos, autoestradas, portos e a abertura de novos hospitais. Luanda é um estaleiro a céu aberto para onde correm as principais empresas mundiais. Tudo isto está a aconteçer em Angola, embora na imprensa portuguesa, não se fale desse boom.
Um amigo que regressou recentemente de Angola, depois de muitos anos de ausência, disse-me no dia das eleições: "Vivi 18 anos da minha vida em Luanda e nunca vi tanta construção, como nos últimos dois anos". É necessário perceber o que é a África ou qualquer país independente há apenas três décadas. José Sócrâtes foi o único político português que se deu conta de que a África precisa de tempo, abrindo as portas daquele gigante às empresas nacionais que se instalaram no mercado. Com um presidente e uma maioria absoluta, o MPLA terá, agora, que mostrar o que vale. Angola e o mundo estarão atentos.

1 comentário:

Cidadão do Mundo disse...

Camarada, disseste uma coisa muito importante; é necessário perceber o que é a África!
Angola está no bom caminho e só agora foi possível depois de uma desvastação de 38 anos de guerras.
Angola é um enorme país, é já apesar de tudo uma potência regional e está aberto ao mundo,...mas que esse mundo não faça confusões,...quem manda lá e mandará é e será sempre o povo angolano.