quinta-feira, 5 de março de 2009

Guiné-Bissau, um estado ou em estado de choque?

Muitos de vocês já se devem ter perguntado o porque do meu silêncio sobre a tragédia da Guiné-Bissau. Infelizmente a Guiné já nos tem habituado a golpes e contra golpes, instabilidade e guerra civil, mas o que aconteceu no último fim de semana foi demasiado é o culminar de uma tragédia anunciada desde 1973, data em que foi decretada a indepêndencia unilateral em território Balanta.As guerra entre as Etnias são seculares e o assassinato de Amílcar Cabral foi o primeiro prenúncio de que a primeira cólonia portuguesa a conquistar a libertação não teria um futuro risonho.
De facto tenho sido um espectador atormentado pelas noticias que nos chegam da Guiné-Bissau e que em qualquer estado normal seria caso para a dissolução da Assembleia e a criação de uma junta de salvação nacional, ou coisa que o valha,mas na Guiné não, nesta matéria concordo com Vasco Pulido Valente que se espanta com a reacção do mundo, horas depois da decapitação das mais altas figuras do estado toda a gente vem dar graças a Deus por não se ter realizado um golpe de estado.Afinal o que aconteceu?ainda ninguém percebeu que o governo de Carlos Gomes Júnior não manda na Guiné?é um governo fantoche que faz o que os militares lhe mandam!A Guiné é um estado militarizado, não tenham ilusões, aquele país está dividido em tribos que não se entendem, os balantas dominam 90% do exercito, desequilibrando a balança para o seu lado, mas as mortes e ajustes de contas ainda não acabaram.A sombra de Nino ainda vai pairar muito sobre a Guiné, agora que os seus bandos andam espalhados, assustados e por conta própria.Era necessária uma intervenção enérgica da CPLP e das Nações Unidas a Guiné já mostrou que é um estado ingovernavél pelos guineenses que já provaram que não se entendem, este golpe vem na sequência da triste história da Guiné dos últimos 30 anos, sequência inaugurada pelo próprio Nino Vieira o que aconteceu só me leva a pensar que este golpe já estaria a ser preparado à muito tempo."Nino Vieira" é uma figura sinistra da história actual da Guiné-Bissau, héroi da guerra contra os portugueses, transformou-se numa figura tenebrosa, são muitas as histórias que se contam,assassinatos, torturas, corrupção e agora a colocação de bombas para matar adversários, histórias que levaram a Guiné à ruína, transformado aquele País num estado falhado.A tragédia da Guiné não é de hoje, começou ainda a indepêndencia não tinha sido proclamada,com o assassinato de Amílcar Cabral.Este foi o primeiro de uma série de episódios tristes na história onde o dedo de Nino se fez sentir.Entrevistei-o dias antes de voltar à Guiné e ter assumido o cargo de presidente, vi naquele homem o desejo da vingança, rancor, vontade de desforra e foi com este comportamento que voltou à sua terra Natal.Só que a Guiné não é um estado, custa-me dizer isto, mas é a pura verdade e aquele exercito não passa de um bando armado dominado pelos balantas, a etnia dominante.A morte de Nino não veio fechar o ciclo da violência pelo contrário, vai-se agravar pois a melhor defesa é o ataque e os seguidores de Nino irão tentar aliviar a pressão a que estão sujeitos nesta altura.A Guiné precisa de ajuda,mas é preciso que os guineenses se reconciliem.

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