sábado, 26 de abril de 2008

25 de Abril, visto de Longe

Encontro-me à já alguns dias em S.Tomé e Príncipe, no âmbito de uma visita de trabalho.
E destas ilhas maravilhosas que tenho observado o mundo e principalmente Portugal, chegando à conclusão que ou os deuses estão loucos ou alguma loucura se apoderou da pátria Lusa, sendo necessário fazer algo para que qualquer dia não acordemos, sei lá debaixo de uma ditadura militar á moda de um qualquer pais latino-Americano, ou estejamos a ser governados de novo por um populista louco.Foi daqui que vi no jornal Público, uns quantos generais a avaliarem o estado da nossa Democracia, um deles(não digo o nome)disse que já foi consultado para fazer alguma coisa(alguma coisa?não percebi) mas cheira-me a uma ameaça velada que na minha opinião deve ser tomada em conta, pois os senhores generais dizem que em Portugal não existe uma democracia real para mim este é um factor importante o que demonstra que Portugal bateu no fundo.As comemorações do 25 de Abril pelo que vi na televisão teve uma sessão solene na Assembleia e Cavaco, sem cravo na lapela enviou recados ao governo, Socrates assobiou para o lado como se nada fosse com ele, mas também ouvi Vasco Lourenço um capitão de Abril a lembrar que Cavaco foi á madeira e se esqueceu de lembrar a Jardim que um dos D do 25 de Abril é a democracia que anda dissociada daquela ilha maravilhosa.É neste contexto que vejo Pinto da Costa de novo a inflamar o norte contra o sul e nada acontece, o poder politico parece ter medo daquele senhor, vejo 34 anos depois do 25 de Abril, skinneds serem julgados e até defendidos os direitos de Mário Machado o líder dos Hammers Skins, direitos de expressão que ele e a escumalha que o acompanham gostariam de ver privados ao comuns cidadãos.Por Falar em skinneds, um amigo disse-me á dias que na Universidade onde estuda(faculdade de letras de Lisboa)anda por lá um grupo de escumalha racista(Skinneds)e ninguém faz nada para os meter na ordem pois os senhores insultam tudo o que não seja branco, ou heterossexual.meus senhores Portugal está doente é urgente um antídoto para que o povo não se revolte contra a democracia que tanto custou a conquistar.

2 comentários:

uaMatidjuane disse...
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uaMatidjuane disse...

Jornal Autarca (Beira � Mo�ambique)
Ano VIII � N� 1520, Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

coluna Dialogando
Jo�o Craveirinha (JC)

REFLEX�O SOBRE O 25 DE ABRIL DE 1974 A 2008 E GUERRA JUNQUEIRO

Em rela�o � mem�ria dos her�is portugueses recentes, do 25 de Abril de 1974, grosso modo o povo portugu�s � ingrato. Esquecem-se que foi esse acto libert�rio que (re) colocou Portugal na comunidade democr�tica das Na�es da vanguarda do mundo, possibilitando a liberdade de express�o at� para os que est�o contra ela.

Ser� o caso das reac�es que surgir�o extremadas e preconceituosas, contra este texto, num reflexo reaccion�rio ao discurso anal�tico sociol�gico, baseado em factos s�lidos, para al�m de conceitos ortodoxos, motivados por estere�tipos no imagin�rio colectivo portugu�s, daqu�m e dal�m mar, fruto de d�cadas da propaganda salazarista do dito Estado Novo (SPN/SNI) tendo no seu ide�logo maior, Ant�nio Ferro (1895 � 1956), delfim de Oliveira Salazar (1889/1970), um exemplo de fascista �moderno�. Eram os tempos de um Portugal do Imp�rio colonial de Minho a Timor, onde segundo o historiador luso, Fernando Rosas, a sua capital era�

"uma Lisboa pobre mas alegre, sem gramofone mas com can�rio na gaiola".

A alegoria ir�nica do p�ssaro enjaulado � de antologia. Infere-se que a PIDE sabia transformar os homens e mulheres em can�rios.

Ali�s, como qualquer pol�cia pol�tica. Ler mais em:

http://ww.rtp.pt/noticias/index.php?article=305827&visual=26

O imagin�rio colectivo (de uma sociedade), ao reagir como as avestruzes (com a cabe�a enterrada na areia ao rugido do le�o) pensa que escondendo os factos a situa�o desaparece. No entanto, torna-se mais vulner�vel. Remete-se ao passado long�nquo na venera�o a outras figuras da sua hist�ria algumas das quais de protagonismo duvidoso, como Ant�o Gon�alves (1441) e outros.

A proximidade das figuras actuais assusta-os, eventualmente porque, por natureza o povo portugu�s � desconfiado e preconceituoso ao �Outro� e prefere o mito � realidade que o incomoda.

Da� o mito dos brandos costumes e da cultura portuguesa das cantigas de esc�rnio e maldizer, tradicionais, mantendo-se aos dias de hoje. Um paradoxo.

Os fantasmas � xip�cu�s, da hist�ria recente (e n�o s� ainda n�o foram mentalmente exorcizados para deixarem de incomodar e por simpatia estripar os complexos (de superioridade p�s-colonial e de inferioridade na integra�o europeia) de que enferma a maioria do portugu�s, nativo lusitano (pois h� os outros portugueses n�o lusitanos mas portugueses).

Excepcionalmente, haver� tamb�m bons portugueses nativos, lusitanos. Poucos, mas bons. Neste caso a excep�o s� confirmar� a regra.

S�o uma minoria consciente, e valha-nos isso.

Em rela�o a aspectos, soit disant misantr�picos, leia-se o que j� escrevia o pensador portugu�s; fil�sofo e poeta, Guerra Junqueiro, da gera�o de 70 dos: Antero de Quental, E�a de Queir�s, Ramalho Ortig�o, Oliveira Martins; o c�lebre "Grupo dos Cinco� (com ele) e de outros livres-pensadores, como Jos� Fontana, ultrapassando qualquer corrente conservadora de sua �poca (contra o mainstream). O texto (excertos) e a foto da est�tua, em anexo, foram reencaminhados de Portugal a este escriba que s� fez a revis�o conforme o original e acrescentou o p� de p�gina e notas, melhorando o contexto. JC
Anexo: �Textos famosos em l�ngua portuguesa:
HOJE COMO ONTEM, AMANH�, COMO HOJE!!!
EM PORTUGAL H� 112 ANOS...� (t�tulo de an�nimo portugu�s) Est�tua do Poeta
Guerra Junqueiro, em Lisboa

Gera�o de (18)70
�P�TRIA: Esta � a ditosa p�tria minha amada�. Cam�es

�ANOTA��ES � Balan�o Patri�tico�

�H� excep�es individuais claramente. A fisionomia geral. No entanto, � aquela.�
Por Guerra Junqueiro
(1850, Bragan�a / + 1923 Lisboa)

�Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macamb�zio, fatalista e son�mbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de mis�rias, sem uma rebeli�o, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem j� com as orelhas � capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, n�o se lembrando nem donde vem, nem onde est� nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e � bom, e guarda ainda na noite da sua inconsci�ncia como que um lampejo misterioso de alma nacional, � reflexo de astro em sil�ncio escuro de lagoa morta;

(...) Uma burguesia, c�vica e politicamente corrupta at� � medula, n�o discriminando j� o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem car�cter, havendo homens que, honrados (?) na vida �ntima, descambam na vida p�blica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a inf�mia, da mentira � falsifica�o, da viol�ncia ao roubo, donde prov�m que na pol�tica portuguesa sucedam, entre a indiferen�a geral, esc�ndalos monstruosos, absolutamente inveros�meis no Limoeiro ;

(...) Um poder legislativo, esfreg�o de cozinha do executivo; este, criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdica�o un�nime do pa�s, e exercido ao acaso da heran�a, pelo primeiro que sai dum ventre, � como da roda de uma lotaria; A Justi�a ao arb�trio da Pol�tica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca � rolhas; Dois partidos (...) sem ideias, sem planos, sem convic�es, incapazes, (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo c�ptico e pervertido, an�logos nas palavras, id�nticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e n�o se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela raz�o que algu�m deu no parlamento, � de n�o caberem todos duma vez na mesma sala de jantar;�
Guerra Junqueiro (1896) P�tria: Poemas Sociais e Pol�ticos (p. 631/632). Lello & Irm�o � Editores, Porto.

N.B. �Ab�lio Manuel GUERRA JUNQUEIRO � que viria a ser um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos e, na opini�o de Unamuno, um dos maiores do mundo, �el primero de los poetas portugueses de hoy y uno de los mayores del mundo� (Por Tierras de Portugal y de Espa�a, 5.� ed., Col. Austral, Madrid, 1960, p�g.22).�

Post Scriptum: Quem tiver coragem, se for o caso, que adapte a Mo�ambique ou a Angola; S. Tom� e Pr�ncipe e Guin�-B; Cabo Verde, Brasil ou Timor Lorosae. Mas s� se der. Fica ao crit�rio de cada um.JC